O 'Novo Ensino Médio' e a contextualização brasileira


O desejado, atualmente, pela República Federativa Brasileira, é a diversidade. Na imagem acima, muitíssima significativa, temos vários alunos com suas características. Se o ensino brasileiro não fosse divisor de classes sociais, de valores protetivos para a "maioria", inexistiriam esforços de diferenciações entre pessoas, na condição de alunos.

Como já referido, o rábula Luís Gonzaga Pinto da Gama e sua biografia, de um racismo estrutural. Ainda no "estrutural", o gênero feminino, por ter "menor capacidade intelectual", não aprendia cálculos matemáticos "elevadíssimos" para os neurônios femininos. A ideologia religiosa brasileira é de tradição judaico-cristã. Claro que os costumes mudaram, e muitíssimos, na sociedade brasileira, com ela as interpretações teológicas sobre moral, amoral e imoral. Da mesma forma, o Direito também sofreu modificações sejam elas pelos novos valores ideológicos no seio da sociedade brasileira e, principalmente, pela CRFB de 1988 e a internacionalização dos direitos humanos.

O Supremo Tribunal Federal (STF), na sua missão (poder-dever) de guardião da CRFB de 1988 e proteção às "minorias" — LGBT+, povos indígenas, etnia negra, pessoas com necessidades especiais, religiosos não da tradição judaico-cristã, ateus e agnósticos — exercido sua função constitucional.

As desigualdades sociais, por motivos da "Máquina Antropofágica" — o racismo estrutural é um dos segmentos — privilegiou pouquíssimos brasileiros para o conhecimento através dos estudos. Apesar das persuasivas divulgações nas mídias sobre pessoas conseguirem ser aprovadas em concursos públicos, ou serem empresárias, a realidade é bem diferente do "Mundo das Ideias das Mídias". "Morador de rua passa em concurso público", para os defensores da "meritocracia", o esforço do cidadão é exemplo a ser seguido, ou seja, nada de choros pessoais diante da realidade da vida: todos estão submetidos aos mesmos obstáculos da vida. Sofisma! Dá a entender que, por exemplo, os milhões de brasileiros, dependentes dos auxílios e proteções sociais pelo Estado são "preguiçosos" e "aproveitadores". É estereótipo! E estereótipos sempre existiram na sociedade brasileira, desde o "descobrimento" do Brasil.

Na pandemia de 2020, a realidade quanto ao acesso ao ensino. A maioria dos estudantes não têm acesso à internet. Ou paga pela conexão, ou paga pelos alimentos — e pensar que o agronegócio brasileiro lucrou muitíssimo, enquanto milhões retrocederam para a miserabilidade alimentar.

Brasil é extremamente desigual, fato. Tem alunos atravessando rios para chegarem até a instituição de ensino. Algumas construções físicas parecem edificações construídas na Idade Média, os professores têm pouquíssimos recursos didáticos para ensinarem; e há os "meritocráticos" proferindo "Nada é impossível". A carga horária exaustiva, o piso salarial esdrúxulo, as péssimas condições para ensinar, os enfrentamentos de professores ao bullying dentro das instituições de ensino, as "balas perdidas" de confrontos entre policiais e traficantes de drogas, policiais e milicianos, traficantes contra traficantes, para expansão de "território", não há como pensar em isonomia entre estudantes de diferentes localidades.

O problema do "Novo" é "enfeitar". Há um vaso com rachaduras. Para disfarçar, pintura num tom mais escuro para disfarçar. É assim que se procede qualquer mudança para "melhorar" o ensino no Brasil. O aumento de carga horária, na atualidade, é para evitar que os estudantes, quando não em horário escolar, não fiquem nas vias públicas e, principalmente, em contato com traficantes. A atratividade dos jovens para o tráfico é irresistível. Por quê? O ganho econômico é muito mais rápido do que ficar anos e anos debruçados sobre livros. Depois, pela automação, robotização e, principalmente, pela Inteligência Artificial (IA), de grande impacto para a mão de obra humana, de qualquer nível escolar, os empregos, com CTPS assinada, estão cada vez mais difíceis. Para se contornar o emprego mundial, e um nicho de oportunidades sobre os desempregados, a nova ideologia: o "empreendedorismo".

Temos, acima, uma imagem de "empreender".

Abaixo, imagem do filme Tempos Modernos, com o magnífico Charles Chaplin (1889-1977)

O "empreendedor" é livre para decidir por si mesmo, enquanto o empregado é limitado em sua autonomia da vontade pelo empregador. O "empreendedor" é autogestor, de seu horário, do local pretendido para trabalhar, o empregado é gerido pelo empregador, está condicionado pelas decisões do empregador quanto ao (s) local (ais) laborativos. O "empreendedor" pode perceber muito mais, o empregado está limitado ao piso salarial nacional ou regional.

Ocorre que o "empreendedor" tem concorrências desleais: outros empreendedores conseguem, pelo poder econômico, pela capacidade de contratar escritórios de advocacia, causar atos negativamente exemplares aos consumidores, por estes desconhecerem seus direitos, por falta de tempo de provocar o Judiciário, por pensarem que os esforços, pelas burocracias da Administração Pública, exigem boas doses de paciência.

Não é possível esquecer dos lobbies com grandes influências na economia, no mercado, na política. Não à toa, o sucesso pleno, não o sucesso midiático de "hoje" — a mídia não faz demonstrações de quantos novos empreendedores faliram, desistiram etc., de forma grandiosa quando comparado com o "sucesso inicial". Puro pessimismo? Não, realidade.

Diante de tantas dificuldades, as evasões de estudantes de classe baixa. Aos de classe média alta e média alta, esta não em referência à "Nova Classe Média", a "meritocracia" é muito mais fácil. Quando leio ou ouço "Trabalho desde os 9 (nove) anos de idade, consegui pelos meus próprios esforços, nunca dependi do Estado, meus pais trabalharam muito para me ajudar...", algo estranho. Primeiro. Teve ajuda de alguém, no caso os pais. O trabalho foi de torrador de castanhas? No canavial? O labor era análogo ao trabalho escravo? Participou de algum programa social do Estado? São vários detalhes que fogem sobre a "meritocracia". Se é verdade que a "meritocracia" é o pilar do capitalismo, o pilar é frágil e perigoso para edificação. Quantos seres humanos viveram na miséria? Quantos vivem? Quantos podem viver nessa condição pela robotização, automatização, inteligência artificial, cartéis, trustes?

O processo educacional não pode ser analisada sem os pesos e contrapesos da realidade econômica brasileira e internacional. Esta tem enorme influência na interna. O processo educacional também é influenciado por governos e suas ideologias, todavia, quando o processo educacional não é coeso com a ideologia dos direitos humanos, o problema.

Por isso, a participação social, principalmente, das "minorias", de pessoas na condição de miserabilidade, é importantíssima. Não há como deixar tal importância limitada nos "representante do povo". Os "representantes", cada qual, possuem suas particularidades ideologias: liberal, conservadora etc. Logo, a "representatividade" não é para o "povo", mas para respectivas comunidades.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Documento de identificação e impossibilidade de visitar familiar hospitalizado

Roberto Jefferson e a negociação policial. O princípio da isonomia

A reação social (backlash) pelas decisões do Supremo Tribunal Federal