O que os presos devem ler para tornarem-se bons cidadãos na sociedade justa brasileira?

 

Em terra de cego, melhor ficar cego também!

Sabemos que ficar encarcerado, no Brasil, não é oportunidade para a ressocialização dos presos. As prisões dos EUA se equiparam com as do Brasil, em relação à seletividade penal — afrodescendentes, em sua maioria; e outros considerados 'inimigos do Estado' ou 'propensos aos crimes'.

Comparando as prisões do Brasil com as prisões da Noruega e Suécia, o Brasil ainda vive na Idade Média. "É só não roubar"; dizem, no Brasil. Porém, quantos bons cidadãos não furtam energia elétrica, fraudam o processo de habilitação de trânsito terrestre, colocam corantes nas carnes já fora de validade? A lista dos bons cidadãos é imensa.

Dentro das prisões, os que matam. Os bons cidadãos não matam, apenas violam leis. O agrotóxico não faz mal a ninguém; já que não mata, imediatamente. Os maus devem ficar atrás das grades. O deputado que atropela, por estar alcoolizado, não vai preso, pois foi 'fatalidade'. O delator na Lava Jato vai preso, mas recebe prisão especial: regime semiaberto. Enquanto isso, o ladrão de fraldas fica encarcerado. Traficante estupra, merece cadeia. Cidadão, não traficante, estupra. A mulher não soube fechar as próprias pernas. Pedófilo é preso, por ser 'escória do mundo'. Adulto, não pedófilo, é inocentado, pelo motivo da criança já ter se prostituído muito antes.

Quem tem algum agregador de notícias e acompanha as decisões judiciais pelo Brasil, depara-se com dicotomias, filosóficas, inimagináveis. Quando uma pessoa pensa em fazer Direito, logo acha que seu esforço garantirá 'sucesso profissional". Só não contaram que 'a causa' depende dos ânimos dos juízes, das parcerias políticas — analise o impeachment de Dilma Rousseff e de (quase possível) Michel temer. Eis a Justiça.

ALGUMAS LEITURAS PARA OS PRESOS (ou para qualquer outro cidadão):

  • O Espírito da Igualdade – Por que razão sociedades mais igualitárias funcionam quase sempre melhor, de Richard Wilkinson e Kate Pickett.
  • Bauman, Zygmunt. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas / Zygmund Bauman; tradução José Gradei. - Riode Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
  • PIKETTY, Thomas. A Economia da Desigualdade. TRADUÇÃO DE ANDRÉ TELLES REVISÃO TÉCNICA DE MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE. Ed. Intríseca.
  • FREIRE Paulo. Pedagogia do oprimido, 17ª. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
  • RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo. Ed. Companhia das Letras, 1995.
  • FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.
  • ROTHBARD, Murray N. A Anatomia do Estado. Ed. Mises Brasil, 2009;
  • Protocolo de San Salvador;
  • JUNQUEIRA, Ivan de Carvalho. Dos Direitos Humanos do Preso. Ed. Lemos & Cruz- 2005.
  • BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas / Cezar Roberto Bitencourt.—4. Ed.—São Paulo: Saraiva, 2011.

Resta saber se os presos sairão ressocializados ou ainda mais revoltados com o sistema de justiça e com a justiça dos bons cidadãos.

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